sábado, 7 de julho de 2007

Padre iniciado no Candomblé


Importante posição ecumênica deste padre que mostra sua visão sobre o Candomblé como religião compatível e complementar para o benefício do ser humano; os exageros da Igreja e sua posição atualizada que resgata a legitimidade do Candomblé através da Carta de Paulo VI - Africae Terrarum.
Paulo "Olúsinadé" Botas, 56, é padre, teólogo, doutor em filosofia, militante de movimento ecumênico, estudioso, pesquisador e iniciado no Candomblé, como Ogã de Ogum no Ilé Axé Opô Afonjá, em Salvador, pela Iyalorixá Stella D'Oxossi.
Tem em sua conduta e no seu trabalho uma visão e posição ecumênica, no sentido que as pessoas rompam seus preconceitos em relação às religiões africanas e entendam serem religiões complementares e compatíveis, para o benefício do próprio ser humano. Para tanto, coloca de forma clara e inequívoca, situações que contribuíram para o distanciamento destas religiões co-irmãs, bem como o resgate da legitimidade do Candomblé como religião, dos exageros da Igreja para atingir seus objetivos de religião superior e oficial nos países que entrou com seu processo evangelizador, citando e dando a devida atenção, ao documento oficial do Papa Paulo VI, de 1967, o qual valoriza a religião africana em seu documento oficial - Africae terrarum - Terras das África, no qual reconhece a religião africana como positiva e não mais como religião não-cristã, até mesmo porque Cristo veio ao nosso mundo, alguns milhares de anos após a existência desta religião. Mostra assim, que é Divino as diversas culturas e religiões, nos mais diversos cantos da terra. Todo material que segue, está contido em seu livro - Xirê , A ciranda dos encantados - publicado pela Editora Ave-Maria, em 1997, separado por temas e dos quais pincei estes conteúdos.
"Quando o profeta nos questiona: "Acaso não temos um mesmo Pai para todos nós? Não nos criou um mesmo Deus? Porque trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros? (Malaquias 2,10) - Deus quis que assim fosse...se não, nos teria criado um só. Quis Deus que muitos fossem seus nomes e manifestações, para que houvesse uma partilha permanente entre os homens e mulheres, de todos os tempos e lugares, para se enriquecerem mutuamente com as suas maneiras múltiplas de buscá-Lo. O objetivo é ampliar o coração das pessoas, que o único caminho para a paz, é reconhecer que Deus nos deu, na sua infinita criação, uma diversidade e pluralidade de expressão, nas múltiplas culturas e humanidades. Todos os orixás, os cristos, os budas, os krishnas, os maomés, os tupãs e tantos outros que moldamos em linguagens humanas não esgotam a força espiritual de cada um e de todos, ainda que, na nossa miopia, possamos acreditar que encontramos, no nosso momento histórico, o verdadeiro deus. Não podemos deixar para nosso filhos e filhas esse espólio horrorendo e asqueroso de guerras santas, de perseguições sem limites.
O professor Cavali-Sforza, da Universidade de Stanford, declarava para a revista Veja, em 18 de janeiro de 1995, que o processo de humanização, ocorreu na África e hoje todos os seres humanos do planeta descendem dos africanos. A Folha de São Paulo, de 28 de abril de 1995, noticiou as conclusões de cientistas americanos, nas revista Science, que "o uso de ferramentas e o surgimento de relações sociais entre seres humanos começaram na África e não na Europa, como se pensava até agora". Somos todos africanos de origem. Homens e mulheres de todos os cantos da terra, a partir do seu berço africano foram reinventando seus mitos, suas lendas, seus deuses, suas comidas, suas festas, suas danças e suas músicas na busca incessante de transcender cada vez mais e se perpetuar na história humana pela ancestralidade. Na tradição religiosa, a pedra ocupa um lugar de qualidade, existe entre a alma e a pedra uma estreita relação. Quando o culto se celebra sobre a pedra, não se dirige à própria pedra, mas ao deus que a tem como lugar de moradia. Jacó fez de uma pedra um travesseiro para dormir. E sonha com uma escada cujo topo chegava aos céus e pela qual os anjos de Deus subiam e desciam. E por cima dela estava o Senhor que lhe revela ser Deus de Abraão e de Isaac, seus ancestrais. Jacó, quando desperta, proclama que Deus estava naquele lugar. "Quão terrível é este lugar! Esta não é outro senão a casa de Deus; esta é a porta dos céus" então levanta-se de madrugada, toma a pedra em que repousara cabeça, erige-a em coluna e derrama azeite sobre ela. E chama o lugar de Beith-el - a casa de Deus (gênesis, 28, 10-22). É bom lembrar que, até poucos anos, a celebração da missa era realizada sobre a ara, uma pedra colocada numa cavidade sobre o altar, onde se encontravam as relíquias dos mártires. Ainda o que foi dito à Pedro. Pedro, tu és pedra, e sobre esta pedra, erigireis tua Igreja. Na tradição cristã, a pedra angular - a que foi rechaçada pelos construtores (Lucas 20,17) - é a pedra do acabamento, da coroação, da cumeeira, a chave da abóbada. Ela foi substituída pelo pão. E Beith-el (casa de Deus) converteu-se em Beith-Iehem (casa do pão), e o pão eucarístico substituiu a pedra como lugar da presença divina.
A vinda dos escravos ao Brasil fez com que homens, mulheres e crianças, pertencentes a reinos, nações, clãs, linhagens, aliados e inimigos, caçadores da medicina natural se encontrassem e redimensionassem as suas tradições culturais e religiosas. Essa era a única maneira de confrontar a opressão religiosa católica que se fez acompanhar não apenas dos grilhões de ferro que aprisionavam os corpos dos negros, mas também do "aspergir" da água benta, do nome novo marcado a ferro em brasa nas regiões corporais, onde a carne não fosse comprometida e perdesse seu valor de compra e venda: de mercadoria. E tudo isso ao som entoante do "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Catequese e escravidão andavam de mãos dadas. Os navios negreiros eram batizados com nomes da Virgem: Imaculada Conceição, Mãe de Deus, etc. muitos padres e ordens religiosas eram possuidores de escravos. Os sofrimentos de Cristo eram exemplos de redenção para o sofrimento imposto pelos católicos brancos. A expressão religiosa africana foi vista como num espelho pelos colonizadores, o que não era o reflexo nu e cru, da sua cultura eurocêntrica e da sua religiosidade católica romana, deveria ser banido, aniquilado e/ou demonizado. Tudo o que não era o seu espelho, o seu igual, era demonstração de "possessão demoníaca" e suas consultas aos oráculos, sacrifícios propiciatórios e outros rituais, eram estigmatizados como bruxaria ou "magia negra". As almas católicas viviam rogando pragas, maldições e conspirando em sintonia com o bom-tom hipócrita das cortes da Europa. Mas... os negros souberam se apropriar das formas de organização religiosa dos colonizadores e criaram, como forma de confronto, suas irmandades religiosas próprias, notadamente as de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e da Boa Morte. Por meio delas e da contribuição dos seus filiados, buscavam formar pecúlios suficientes para a alforria dos seus membros e garantir um enterro digno e "cristão" aos seus membros, onde eram mescladas as ladainhas católicas e os ritos funerários da nação africana do morto. Tudo sob as barbas da ignorância dos seus senhores e da fragilidade espiritual da maioria do clero branco, tão atento em coibir bruxarias, demônios, orgias, possessões, etc.
Em 1967, o papa Paulo VI lançava um documento oficial valorizando a religião africana e a colocando lado a lado das outras religiões universalmente conhecidas. Irônica ou intencionalmente, esse documento não foi suficientemente divulgado e amadurecido pelas comunidades cristãs; o que teria, sem dúvida, aniquilado muitos dos preconceitos e dos dogmatismos das igrejas locais. o mais importante é o fato de o Papa reconhecer a religião africana como positiva e não mais como uma religião não-cristã. Essa mudança de ótica legitima e estimula o reconhecimento da diferença como condição fundamental para um diálogo inter-religioso. "A vida espiritual é o fundamento constante e geral da tradição africana. Não se trata simplesmente da assim chamada concepção "animista", no sentido emprestado a esse termo na história da religiões, no fim do século passado. Trata-se, antes, de uma concepção mais profunda, mais ampla e universal, segundo a qual todos os seres e a mesma natureza visível se acham ligados ao mundo do invisível e do espírito. O homem, em particular, nunca é concebido, como apenas matéria, limitado à vida terrena, mas reconhece-se nele a presença e a eficácia de outro elemento espiritual que faz a vida humana ser sempre posta em relação com a vida do além. Desta concepção espiritual, elemento comum importantíssimo é a idéia de Deus, como causa primeira e última de todas as coisas. Esse conceito, percebido mais do que analisado, vivido mais do que pensado, exprime-se de modo bastante diverso de cultura para cultura. Na realidade, a presença de Deus penetra a vida africana, como a presença de um ser superior, pessoal e misterioso. A ele se recorre nos momentos mais solenes e críticos da vida, quando da intercessão de qualquer outro intermediário se julga inútil. Quase sempre posto de lado o temor da onipotência, Deus é invocado como Pai. As orações a ele dirigidas, individuais ou coletivas, são expontâneas e por vezes comoventes. E entre as formas de sacrifício sobressai pela pureza do significado o sacrifício das primícias(...) A participação na vida da comunidade, quer esta seja no âmbito da parentela quer no da vida pública, é considerada como um dever preciso e como um direito de todos, mas ao exercício desse direito se chega somente depois de uma preparação amadurecida, por meio de uma série de iniciações com o objetivo de formar o caráter dos jovens candidatos e instruí-los sobre as tradições e normas consuetudinárias da sociedade". Paulo VI. - Africae TerrarumMuita violência teria sido evitada se os católicos tivessem dado ouvidos e compreendido toda a riqueza dessas palavras do seu líder e pastor máximo. Poder-se-ia ter avançado, e muito, na troca permanente dos valores religiosos. Beber na fonte da tradição religiosa que originou Jesus de Nazaré e o cristianismo. Nada está em contradição. São outros momentos e outras culturas, outra vivências e expressões, outras faces de um mesmo Deus. "Eis porque o africano quando se torna cristão não se renega a si mesmo mas retoma os antigos valores da tradição "em espírito e em verdade." (Africae terrarum) Os tempos são outros... O Papa é outro nesse início de milênio. O brasil é outro e outra é a sua dimensão religiosa: plural e diversa. Jamais poderemos esquecer que, nos últimos vinte séculos, a África foi explorada pela Europa "cristã"...o império romano explorou o Egito tirando dele trigo, escravos e animais de carga. Os maometanos foram cooptados e organizaram o tráfico negreiro em demanda da Europa durante toda a idade Média, com a complacência da Igreja Católica Apostólica Romana. No século XIX, as potências européias "cristãs" ocuparam definitivamente a África transformando suas nações em protetorados.
As carnes nobres para a Casa-grande, o resto para a senzala. E a criatividade inventou a comida pela qual o Brasil é reconhecido no mundo; a negra feijoada dos negros baianos e mineiros. Sempre foi assim a festa comunitária dos negros. A comida farta de Ogum, guerreiro doa caminhos, a dança e os cantos, as roupas coloridas. Senhoras e senhores da folhas, dos chás e infusões que curam e aliviam a todos os que deles se servem. Generosidade e gratuidade são as heranças presentes, até hoje, na nossa cultura. A ganância e a avareza dos colonizadores e das igrejas foram vencidas pela grandiosidade dos gestos e pelo acolhimento da diversidade e da pluralidade vividas nos quilombos. As igrejas pragmáticas, e com ambição expancionista, procuram ocultar pelo tamanho dos seus templos a sua pequenez espiritual. Para elas, as festas religiosas africanas, nos seus barracões despojados, onde a comunidade recebe a todos, (não importando a cor, classe social, religião ou raça); onde a comida é repartida fartamente e onde cada filho e filha, generosamente, contribui com o que tem para a festa comum - tais festas só podem ser "uma barbárie". Imersas na sua ânsia-quase-vômito de poder e preocupadas com a eficácia e eficiência dos seus investimentos materiais, as igrejas há muito perderam a alegria da partilha e a comunhão da mesa. Depois de uma longa história de repressão religiosa aos cultos populares de origem africana e indígena, as igrejas mantêm ainda um sentimento de superioridade, separando a fé católica das elites brancas das práticas consideradas ignorantes do povo. Some-se a isso toda a cultura de segregação desenvolvida após a abolição que, pensando o Brasil em moldes europeus, isolava os negros, dando-lhes o estigma de malandros, criminosos, bêbados, desocupados e embusteiros. A eles coube os planos sanitaristas que visavam erradicar "as doenças dos pobres": varíola, febre amarela, tuberculose, etc. a urbanização das cidades seguiu o mesmo padrão europeu: boulevards e ruas largas para combater a herança africana em nossa cultura, vista como "primitiva e atrasada". Na religião o estigma foi de anátema. Interpretando, para a sua melhor conveniência, a religião africana como politeísta ( que acredita em vários deuses) e animista ( que atribui alma e vida a objetos inanimados) afirmava a inferioridade do negro em relação ao branco, cuja religião monoteísta era a descrita e de graus infindáveis de abstração. Na África, o culto tinha um caráter familiar e era exclusivo de uma linhagem, clã ou grupo de sacerdotes. As divindades iorubas eram cultuadas em suas cidades: Xangô, em Oió; Oxossi, em Keto; Oxum, em Ipondá, e assim por diante. Com a vinda ao Brasil e a separação ardilosa das famílias, das nações, das etnias, essa estrutura religiosa não pode se repetir e se fragmentou. Mas os negros criaram uma unidade nesta diversidade e pluralidade e puderam partilhar e comungar os cultos e os conhecimentos diferentes em relação aos segredos rituais de sua religião e cultura. E desta nova maneira de ser e viver, aberta a todos, surgiu a forma acabada do que se chama hoje candomblé. Foi a negação da originalidade do outro que fez com que tantas culturas e civilizações fossem destruídas. Algumas pessoas acabam querendo reduzir os outros a seu tamanho, à cor da própria pele, à sua maneira de pensar, de acreditar em Deus, tomado-se como única referência na vida e no mundo.
Olorum ama tudo o que criou e nos concede que o encontro entre os Orixás e a humanidade seja realizado em momentos de festa e alegria, na partilha da comida e da bebida, para que todos saibam da sua generosidade e misericórdia...

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Um pouco de Oya

É uma divindade muito complexa, que de certa forma, se relaciona com todos os elementos da natureza. Oya, está, inicialmente ligada as águas. Na África – Nigéri –, é a Deusa do Rio Níger, divindade de nove cabeças representando as nove fozes do rio, e no Brasil sua ligação com as águas se dá através da chuva e da tempestade.
Por se relacionar com a natureza, também é divindade do ar, sob a forma de vento forte, a dona dos lugares altos onde sopra o aféfé-iku– o vento da morte que arranca telhados, destrói casas, derruba árvores, anunciando a chegada de Xangô. Representa a agressividade e o perigo da natureza.
Oya também é ligada a floresta e aos caçadores, animais e espíritos que vivem na selva, as quais domina com seu irùkèrè.
Oya é a deusa dos raios, o fogo do céu e como divindade do movimento, do fogo e do sexo, representa a continuidade das gerações no passado e no futuro, ela é quem faz a ligação dos antepassados com os vivos, por esta razão aparece no axexe.
Oya viveu com Oxossi, Ogun, Omolu e Xangô.
É a divindade dos ventos. Guerreira, forte e destemida. Orixá veloz, que nos golpeia com a rapidez de um piscar de olhos.
Está presente no tempo e no espaço, é a Íyá mésò´n òrun – mãe das nove partes do céu –, o grande vendaval que faz a limpeza do ar que respiramos. O ar em movimento caracteriza a sua essência, é como o fogo que nos queima, sem que tenhamos posto a mão nele. É um orixá que faz as coisas simultaneamente, graças à sua agilidade de espalhar o seu àse no mundo dos vivos e dos mortos, por seu poder e onisciência. Por isso se diz:
Oya aláagbára inú afééfé
Oya, a poderosa que vive no vento.
O rio Níger é o maior e o mais importante da Nigéria, sendo a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços a mãe dos nove, Ìyá Mésàn, Iansã. Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada ao elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo. Da tempestade de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo – Omo Iná.
Iansã é uma guerreira por vocação, vai à luta e defende o que é seu, a batalha é a sua felicidade, sabe conquistar, no fervor das guerras e na arte do amor. Ela não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional, embora seja uma mulher que acorda de manhã, beija seus filhos e sai em busca do sustento.
Sendo esposa de Xangô, ela lhe pediu alguma coisa em troca de seu amor e ele lhe deu dois chifres contendo os ventos: a brisa benfazeja chamada afèfè e o vento das tempestades, ubori.
Iansã com ciúmes da Oxum vai para o reino de Ogum, vivendo com ele pediu-lhe um presente, e ela recebeu uma espada, com Oxossi pegou a espada e envergou que além de furar ela rasgava. Com Omolu ele lhe deu o poder sobre os mortos, passando a levar o último suspiro. E com Exú ele lhe deu os seus feitiços, e mesmo assim Xangô a levou de volta.
Iansã inconformada pelo ciúme que tinha de Oxum criou uma guerra e Oxum agindo com astúcia, resolveu fazer uma proposta para Iansã; ela havia conquistado de todos o orixás que deposara só faltava alguém que presidisse a sua entrada no mundo dos deuses e Oxum se ofereceu para isso, na condição da rival não persegui-la mais. Oya, a mulher de todas as armas, de todas as magias, de todos os ventos, passou a reinar como orixá.
Iansã não conseguia Ter filhos, isso acontecia, porque ela não sabia que a carne de cabra deveria ser o seu alimento e não a de carneiro, um babalaô recomendou um ebó contendo entre outras coisas, um pano vermelho, servindo como confecção a roupa de Egúngún. Depois da oferenda Oya tornou-se mãe de nove crianças, Iyá Omo mésàn, dessa expressão originou o nome de Iansã, tornou-se mãe de Egum, sendo a única entidade que os mortos respeitam, a única que penetra e sai ilesa da casa de Ikú.
Oya caminhou para a morte com Xangô, nunca o abandonou e abraçados indo pela terra abaixo, Xangô tornou-se imortal e Oya tornou-se a dona do mundo, a senhora da morte.
Por Iansã Ter a passagem ao lado de Ogum, fazendo que ela ficasse com ele pois havia descoberto seu segredo da pele de búfalo, vendo guardar no formigueiro, ele pegou e escondeu, fazendo com que Iansã ficasse com ele, mais as outras mulheres de Ogum descobriram o segredo e encimadas contou para Iansã que pegou a sua pele de búfalo, vestiu e atacou matando as mulheres. Por isso ele é a única que pode tocar no chifre de búfalo, símbolo da virilidade, se tornando assim uma mulher da guerra e da caça.
Os Omos eguns de Iansã são em número de nove e todos eles nasceram no Igbo Yku Bó a mata da morte, na escuridão da mata da morte, e são possuidores do Arole de Oxossi, o pó contido dentro do Erukerê e Erusin, o arô que ele joga sobre ele mesmo para que possa entrar e sair da mata da morte.

1) Imalegã – Nasceu no primeiro dia do Eboykú, arrancado do ventre de Oya pelas Ìyámi, e foi envolvido em abanos;
2) Iorugã – Foi envolvido na palha seca e alimentado com talos de bananeira. Nasceu com a vaidade de Oya e é o preferido;
3) Akugã – Nasceu no terceiro dia da tempestade e foi criado nas touceiras de bambu. É rebelde. Não se deve tocar o chão do bambuzal;
4) Urugã – Alimenta-se das folhas da bananeira e esconde-se nas florestas. Faz buracos;
5) Omorugã – Alimenta-se do pó do bambu que está caído no chão. Vive no milharal e fica escondido nos bambuzais observando os seres humanos;
6) DEMÓ – Oya cobriu-o de lama para saber os segredos de seus inimigos. Usa pele de búfalo para acompanhar Oxossi.
7) Reigá – Acompanha os mortos e ronda os cemitérios. Esconde-se nas grandes árvores dos cemitérios e ronda as sepulturas a procura de objetos perdidos ou esquecidos pelas pessoas;
8) Heigá – É violento e vive perseguindo o Ori do ser humano. Propicia desastres e desordens;
9) Egun Egun – Filho de Xangô. Oya preparou-o para combater. Ele se apossa do ser humano, fazendo-o cometer desatinos.

Carrega um par de chifres que deu a seus filhos, dizendo-lhes que se precisassem dela batesse um no outros que ela viria de onde estivesse para acudi-los, também um instrumento de madeira com o rabo do búfalo que serve para afastar os Eguns, é o Orukeré.
Xangô lhe deu o título de Yansãn que quer dizer, “a senhora das tardes”, pois, chegava sempre as tardes, linda e esvoaçante com sua roupa de fogo.

Algumas qualidades de Oya

OYA YGBALÈ
É a deusa dos mortos. É ligada diretamente ao culto de ÉGÚN, por isto é a senhora dos cemitérios. Tem pleno domínio sôbre os mortos, trazendo consigo uma falange de ÉGÚNS que ela controla e administra , pois todos temem o seu terrível poder.
O culto a ÉGÚN nasceu nas mãos de YBBALÈ, quando ela fora buscar uma substância que permitia a SÀNGÓ soltar fogo pelas narinas. OYA ficou sabendo que o povo TAPÀ iria invadir a cidade dos BARIBAS , então forrou na beira do rio um pedaço de PAMP vermelho, colocando em cima algumas cabaças, envocou os mortos e aquêle pano tomou vida e saiu voando na direção dos inimigos, colocando-os para correr apavorados com aquela visão grotesca e horrorosa , livrando, assim, o povo de BARIBAS e nascendo o culto de ÉGÚN. Devido a sua relação com ÉGÚN é proibido vesti-la de vermelho. Sua vestimenta é branca.

FURÉ
Usa uma foice na mão esquerda e um ARUEXYN na direita, veste branco e por cima de suas vestes a palha da costa. Dança como se estivesse carregando na cabeça uma enorme cabaça. Em suas vestes vão pequenas cabaças dependuradas, no tornozelo direito uma pulseira de aço, tem ligação direta com o culto a morte e aos ÉGÚNS, preside a vida e a morte.

ODO
Ligada as águas , apaixonada carnal e muito louca por amor.

IAMESAN
É a que foi esposa de ÒSÓÒSÌ, meio animal e meio mulher, só come caça, é a mãe dos nove filhos. Come comÒSÓÒSÌ nas matas.

ONIRA
É uma ninfa das águas doces e seu culto aqui no Brasil é confundido com o culto de OYA, por ser uma grande guerreira, também é saudada como YNHÀSAN , pois existe uma afinidade entre as duas divindades, mas seus cultos não chegaram a fundirem-se. Seu culto na África era totalmente diferente. Tem ligação com o culto a ÉGÚN, por sua ligação e laços de amizade com OYA. Também tem laços de amizade com ÒSUN , pois foi ONIRA quem ensinou ÒSUN OPARÀ a guerrear. É uma Òrìsà muito perigosa por sua ligação e caminhos com OSOGUIÁN, ÒGÚN e OBALÚWÀIYÉ. Veste o coral e amarelo, contas iguais.

YÀTOPÈ
Tem ligação forte com SÀNGÓ. Veste o branco.

AFEFE YKU FUNAN
A senhora do fogo e dos ventos da morte. Caminha com ÒGÚN e OBALÚÀIYÉ , tem caminhos , também , com ÉGÚN e YKU ( morte ) . Veste o branco e pode-se por um azul claro.

AFAKAREBÒ
Não é feita em seus eleitos , é a verdadeira dona do EBÓ, é a ela que se entrega todos os EBÓS. Seus caminhos levam diretamente a ÈSÙ e ÉGÚN. Seus rituais são todos feitos no murim , cabaças e porrões.

AFEFE
É ela quem comanda os ventos. Tem caminhos com OBALÚWÀIYÉ e ÉGÚN .Veste vermelho e branco , também usa o coral , o chorão de seu ADÉ é alaranjado .

BAGAN
Não tem cabeça. Come com ÈSÙ , ÒGÚN e ÒSÓÒSÌ . Tem caminhos com ÉGÚN.

PETU
Ligada aos ventos e as árvores. Esposa de SÀNGÓ , que vai sempre na frente anunciando sua chegada.

OGUNNITA
Ligada ao culto de ÉGÚN , seu fundamento mais forte. É a senhora que caminha com os mortos .

(Fonte.: http://kasange.vilabol.uol.com.br/oya.html )

Lendas

01

Oyá lamentava-se de não ter filhos, uma situação consequente da sua ignorância a respeito das suas proibições alimentares. Embora lhe fosse recomendado comer cabra, ela comia carneiro. Foi consultar um babalaô, que informou seu erro, lhe aconselhando a fazer oferendas, entra as quais deveria haver um tecido vermelho. Este pano, mais tarde, haveria de servir para confeccionar as vestimentas dos Egúngún. Tendo cumprido essa obrigação, Oya tornou-se mãe de nove crianças.

02

Embora tenha sido esposa de Sangô, Iansã percorreu vários reinos e conviveu com vários Reis. Foi paixão de Ogum, Osogiyan e de Esú. Conviveu e seduziu Osossi, LOgum-Edé e tentou em vão relacionar - se com Obaluaê. Sobre este assunto a história conta que Iansã percorreu vários Reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo. Em Irê , terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la.Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Osogiyan.

Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo. Depois partiu e nas estradas deparou-se com Esú. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Osossi, seduziu o Deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Esú. Seduziu LOgum-Odé, e com ele aprendeu a pescar.

Foi para o Reino de Obaluaê pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oya queria e ela respondeu: "queria ser sua amiga". Então, fez sua Dança dos Ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha: "Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo." - "Quer mesmo aprender, Oya? Vou te ensinar a tratar dos Mortos". Venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Sangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do Rei do Trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Sangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orisá do Fogo.

03

Oyá vivia com Ogum antes de tornar-se esposa de Sango. Vivia, então, com o ferreiro ajudando-o em seu ofício, principalmente manejando o fole para atear fogo à forja. Certa vez Ogum presenteou Oyá com uma varinha de ferro que possuía o poder de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres, bastando tocá-la no corpo de um deles. Ogum dividia com Oyá, o poder de manejar essa arma nas guerras.

Nessa mesma vila vivia Sango, simpático e sedutor que, vez por outra, ia à casa de Ogum apreciar não só o trabalho do ferreiro, mas também para arriscar olhares para Oyá. Sango impressionava muito Oyá, principalmente por seu olhar majestático.

Um dia Oyá fugiu com Sango fazendo com que Ogum saísse numa busca alucinante pelos dois. Ao encontrarem-se, Ogum e Oyá tocaram-se ao mesmo tempo com a varinha e o encanto aconteceu. Ogum dividiu-se em sete partes donde recebeu o nome de Ogum Mejê, e Oyá foi dividida em nove partes, sendo conhecida como Oyá Mesan, a mãe que transformou-se em nove.

04

Ogum estava caçando na floresta. Colocando-se na espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo, quando o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Surgiu uma linda mulher. Era Oyá. Ela enrolou a pele nos chifres e a escondeu num formigueiro.

Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o. Seguiu então Oyá, que em passo elegante dirigia-se ao mercado, a fim de fazer-lhe a corte. Lá, pediu-a em casamento. Oyá sorriu, mas recusou-se ao pedido. Então Ogum disse que a esperaria.

Oyá voltou à floresta e, não encontrando sua pele e chifres no formigueiro, voltou ao mercado já vazio onde Ogum a esperava e disse que se casaria com ele. Recomendou, no entanto, que ele não contasse a ninguém que, na verdade, ela era um animal. Ogum respondeu que guardaria segredo e levou Oyá.

Viveram bem durante alguns anos e Oyá pôs nove crianças no mundo, o que provocou o ciúme das outras esposas. Elas fizeram então alusão ao segredo. Oyá, enraivecida, vestiu a sua pele, e sua a forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas, partindo em seguida. Os seus chifres, ela os deixou com os filhos, dizendo-lhes que os batessem um contra o outro, em caso de necessidade, que ela viria imediatamente em seu socorro.

05

Osogyian estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ògún fazia as armas, mas fazia lentamente. Osogyian pediu a seu amigo Ògún urgência, Mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Osaguiã que Oyá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ògún a apressar a fabricação.

Oyá se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ògún pode fazer muitas armas e com as armas Osogyian venceu a guerra. Osogyian veio então agradecer Ògún. E na casa de Ògún enamorou-se de Oyá.

Um dia fugiram Osogyian e Oyá, deixando Ògún enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Osogyian voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oyá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Osogyian, onde vivia, Oyá soprava em direção à forja de Ògún. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Osogyian da de Ògún.

E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava. E o povo se acostumou com o sopro de Oyá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oyá a forja de Ògún. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias.

O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oyá e o povo chamava a isso tempestade.

06

Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes. Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oyá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra. Tanto girava Oyá na sua dança que provocava vento. E o vento de Oyá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê. Para surpresa geral, era um belo homem. O povo o aclamou por sua beleza.

Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Fez de Oyá a rainha dos espíritos dos mortos. Rainha que é Oyá Igbalé, a condutora dos eguns.

Oyá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.

Rainha Oyá Igbalé, a condutora dos espíritos.

Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.

(Fonte: www.casadeoya.com.br)

O Candomblé

Tenho passado várias noites à procura de sites confiáveis, que possam nos mostrar o Candomblé como o é...
Alguns sites nos deixam satisfeitos, outros porém nos mostram uma religião que está se esvaindo nos costumes e tradições e se desenvolvendo conforme a tecnologia do novo mundo.
Fiquei perplexa em ver no orkut algumas fotos, inimagináveis para aqueles que realmente seguem a religião como deve ser.
A minha proposta neste blogg é reunir algumas matérias de sites por onde passo (sempre colocando a fonte), sendo elas boas ou ruins, para que possamos ter aqui, mais um espaço para debates.
Colocarei também matérias off internet.
Sintam-se à vontade para comentar.

"Os deuses não nos revelaram desde o princípio todas as coisas, mas, com tempo, se buscarmos, poderemos aprender, conhecê-las melhor. A verdade certa, contudo, ninguém jamais a conheceu nem conhecerá: a dos deuses ou a de todas as outras coisas, mesmo se por acaso alguém pronunciasse o nome da verdade última, não poderia reconhecê-la; neste universo de opiniões." Karl Popper