sexta-feira, 6 de julho de 2007

Um pouco de Oya

É uma divindade muito complexa, que de certa forma, se relaciona com todos os elementos da natureza. Oya, está, inicialmente ligada as águas. Na África – Nigéri –, é a Deusa do Rio Níger, divindade de nove cabeças representando as nove fozes do rio, e no Brasil sua ligação com as águas se dá através da chuva e da tempestade.
Por se relacionar com a natureza, também é divindade do ar, sob a forma de vento forte, a dona dos lugares altos onde sopra o aféfé-iku– o vento da morte que arranca telhados, destrói casas, derruba árvores, anunciando a chegada de Xangô. Representa a agressividade e o perigo da natureza.
Oya também é ligada a floresta e aos caçadores, animais e espíritos que vivem na selva, as quais domina com seu irùkèrè.
Oya é a deusa dos raios, o fogo do céu e como divindade do movimento, do fogo e do sexo, representa a continuidade das gerações no passado e no futuro, ela é quem faz a ligação dos antepassados com os vivos, por esta razão aparece no axexe.
Oya viveu com Oxossi, Ogun, Omolu e Xangô.
É a divindade dos ventos. Guerreira, forte e destemida. Orixá veloz, que nos golpeia com a rapidez de um piscar de olhos.
Está presente no tempo e no espaço, é a Íyá mésò´n òrun – mãe das nove partes do céu –, o grande vendaval que faz a limpeza do ar que respiramos. O ar em movimento caracteriza a sua essência, é como o fogo que nos queima, sem que tenhamos posto a mão nele. É um orixá que faz as coisas simultaneamente, graças à sua agilidade de espalhar o seu àse no mundo dos vivos e dos mortos, por seu poder e onisciência. Por isso se diz:
Oya aláagbára inú afééfé
Oya, a poderosa que vive no vento.
O rio Níger é o maior e o mais importante da Nigéria, sendo a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços a mãe dos nove, Ìyá Mésàn, Iansã. Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada ao elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo. Da tempestade de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo – Omo Iná.
Iansã é uma guerreira por vocação, vai à luta e defende o que é seu, a batalha é a sua felicidade, sabe conquistar, no fervor das guerras e na arte do amor. Ela não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional, embora seja uma mulher que acorda de manhã, beija seus filhos e sai em busca do sustento.
Sendo esposa de Xangô, ela lhe pediu alguma coisa em troca de seu amor e ele lhe deu dois chifres contendo os ventos: a brisa benfazeja chamada afèfè e o vento das tempestades, ubori.
Iansã com ciúmes da Oxum vai para o reino de Ogum, vivendo com ele pediu-lhe um presente, e ela recebeu uma espada, com Oxossi pegou a espada e envergou que além de furar ela rasgava. Com Omolu ele lhe deu o poder sobre os mortos, passando a levar o último suspiro. E com Exú ele lhe deu os seus feitiços, e mesmo assim Xangô a levou de volta.
Iansã inconformada pelo ciúme que tinha de Oxum criou uma guerra e Oxum agindo com astúcia, resolveu fazer uma proposta para Iansã; ela havia conquistado de todos o orixás que deposara só faltava alguém que presidisse a sua entrada no mundo dos deuses e Oxum se ofereceu para isso, na condição da rival não persegui-la mais. Oya, a mulher de todas as armas, de todas as magias, de todos os ventos, passou a reinar como orixá.
Iansã não conseguia Ter filhos, isso acontecia, porque ela não sabia que a carne de cabra deveria ser o seu alimento e não a de carneiro, um babalaô recomendou um ebó contendo entre outras coisas, um pano vermelho, servindo como confecção a roupa de Egúngún. Depois da oferenda Oya tornou-se mãe de nove crianças, Iyá Omo mésàn, dessa expressão originou o nome de Iansã, tornou-se mãe de Egum, sendo a única entidade que os mortos respeitam, a única que penetra e sai ilesa da casa de Ikú.
Oya caminhou para a morte com Xangô, nunca o abandonou e abraçados indo pela terra abaixo, Xangô tornou-se imortal e Oya tornou-se a dona do mundo, a senhora da morte.
Por Iansã Ter a passagem ao lado de Ogum, fazendo que ela ficasse com ele pois havia descoberto seu segredo da pele de búfalo, vendo guardar no formigueiro, ele pegou e escondeu, fazendo com que Iansã ficasse com ele, mais as outras mulheres de Ogum descobriram o segredo e encimadas contou para Iansã que pegou a sua pele de búfalo, vestiu e atacou matando as mulheres. Por isso ele é a única que pode tocar no chifre de búfalo, símbolo da virilidade, se tornando assim uma mulher da guerra e da caça.
Os Omos eguns de Iansã são em número de nove e todos eles nasceram no Igbo Yku Bó a mata da morte, na escuridão da mata da morte, e são possuidores do Arole de Oxossi, o pó contido dentro do Erukerê e Erusin, o arô que ele joga sobre ele mesmo para que possa entrar e sair da mata da morte.

1) Imalegã – Nasceu no primeiro dia do Eboykú, arrancado do ventre de Oya pelas Ìyámi, e foi envolvido em abanos;
2) Iorugã – Foi envolvido na palha seca e alimentado com talos de bananeira. Nasceu com a vaidade de Oya e é o preferido;
3) Akugã – Nasceu no terceiro dia da tempestade e foi criado nas touceiras de bambu. É rebelde. Não se deve tocar o chão do bambuzal;
4) Urugã – Alimenta-se das folhas da bananeira e esconde-se nas florestas. Faz buracos;
5) Omorugã – Alimenta-se do pó do bambu que está caído no chão. Vive no milharal e fica escondido nos bambuzais observando os seres humanos;
6) DEMÓ – Oya cobriu-o de lama para saber os segredos de seus inimigos. Usa pele de búfalo para acompanhar Oxossi.
7) Reigá – Acompanha os mortos e ronda os cemitérios. Esconde-se nas grandes árvores dos cemitérios e ronda as sepulturas a procura de objetos perdidos ou esquecidos pelas pessoas;
8) Heigá – É violento e vive perseguindo o Ori do ser humano. Propicia desastres e desordens;
9) Egun Egun – Filho de Xangô. Oya preparou-o para combater. Ele se apossa do ser humano, fazendo-o cometer desatinos.

Carrega um par de chifres que deu a seus filhos, dizendo-lhes que se precisassem dela batesse um no outros que ela viria de onde estivesse para acudi-los, também um instrumento de madeira com o rabo do búfalo que serve para afastar os Eguns, é o Orukeré.
Xangô lhe deu o título de Yansãn que quer dizer, “a senhora das tardes”, pois, chegava sempre as tardes, linda e esvoaçante com sua roupa de fogo.

Nenhum comentário: